Confira a entrevista com a autora de O Reciclador de Palavras, Barbara Parente, para o blog da Palavras. A construção da obra, a importância da leitura e da literatura para a formação das crianças e a questão da invisibilidade dos catadores de recicláveis ​​estão entre os temas envolvidos. Confira o texto completo a seguir e saiba mais sobre a obra clicando aqui.

Barbara Cabral Parente nasceu na cidade do Rio de Janeiro (RJ) em 1979 e cresceu em uma vila para famílias de funcionários da usina nuclear de Angra dos Reis, onde seu pai trabalhava como segurança. A autora descobriu o gosto pelas palavras durante a Educação Básica, etapa de aprendizagem que preparou todo o seu caminho na literatura. Incentivada a aprofundar o interesse pela leitura e pela escrita, Barbara cursou Letras e, desde 2011, atua como revisora ​​de textos. O Reciclador de Palavras é seu segundo livro.


Palavras Projetos Editoriais: De onde surgiu a ideia para a criação da história presente em “O Reciclador de Palavras”?

Barbara Parente: Foi totalmente despretensiosa. Eu estava tomando café em frente à janela e vi um catador de recicláveis ​​para a carroça diante da lixeira do condomínio e vasculhar aquele monte de sacolas. Quem ele é? Onde mora? Tem família? E se ele encontrasse livros na lixeira, o que faria? Durante a escrita, resolvi criar uma ponte entre o catador e a história do meu pai, que saiu do sertão de Pernambuco em busca de uma condição melhor numa cidade grande e enfrentou sozinho muitos desafios. O Reciclador de Palavras é uma história de personagem, de busca e de superação de obstáculos.

Palavras: Para você, qual é a importância da literatura para a formação das crianças?

Bárbara: A literatura permite compreender as emoções, as reações que não são nossas; permite entender que somos todos diferentes e que precisamos respeitar essas diferenças. A literatura permite também a interação, a comunicação, a compreensão das palavras, a argumentação. Possibilidade de conhecer outros mundos e outras realidades; ajuda a desenvolver os sentimentos e a compartilhar ideias, a ser mais criativo. Na infância, a literatura e a contação de histórias aconchegam pais e filhos em um mesmo espaço de fantasia.

Palavras: Na obra, os livros tornam-se protagonistas junto a Luiz, que entra nesse universo da leitura. Qual a potencialidade da leitura (e da mediação de leitura em sala de aula) para a transformação da sociedade?

Bárbara: Acredito que a arte, de forma geral, tem o poder de salvar vidas e nos elevar. E a literatura, quando apresentada ainda na infância, cria leitores que irão buscar nos livros algo além do estudo obrigatório. A leitura ajuda a criança a construir vínculos desde cedo, a se comunicar melhor, a se tornar mais rico interiormente e compreender a condição humana. A leitura ensina ao ser cidadão e auxilia na construção do pensamento. E o educador tem papel fundamental nessa orientação.

Palavras: Em uma cidade como São Paulo, os catadores de materiais recicláveis ​​geralmente são invisibilizados no espaço urbano. O que motivou a escolha do personagem de um catador?

Bárbara: Creio que foi justamente essa invisibilidade. A sociedade geralmente não gosta de olhar para aquilo que a incomoda. Vi muitas pessoas passando pelo catador e virando a cabeça para o outro lado. Passei por um deles uma vez e dei bom dia; ele levou um susto e me respondeu como se eu tivesse uma visão de raio-x por enxergá-lo. A ocorrência dele não me surpreendeu; me deixou pensativo. Depois disso, toda vez que eu estava sentado, ele me cumprimentava antes que eu o fizesse. Era como se ele precisasse de permissão para isso.

Palavras: Qual sua expectativa para os jovens leitores e estudantes que irão conhecer essa história, seja na escola, seja em suas casas?

Bárbara: Eu espero que gostem do livro, que reflitam sobre ele e conversem a respeito com amigos e familiares. Que o universo inserido nele possa gerar algo de bom no coração dos leitores, como a observação do meio ambiente e o respeito ao próximo, precisamos tanto disso hoje… O personagem Luiz passa por mudanças e usa as oportunidades que surgem para transformar o ambiente ao seu redor, pensando na coletividade. As crianças e os jovens têm condições de mudar no futuro os prejuízos causados ​​no presente. Temos um grande poder de transformação, e recomendamos usá-lo para tornar este planeta um lugar melhor para todos. Eu acredito nisso. 

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